COISAS QUE ESCREVI EM 2013
REENCONTRO
Reencontro acende chamas
Fogo descontrolado esquenta corpo
Labaredas multicoloridas dançantes
Passado que vem à tona
Sentimentos renascidos...
Se sentires algo diferente, tenso, forte...
Algo surpreendentemente arrebatador
É que meus pensamentos voam
Numa direção precisa, involuntária
E sentido obrigatório — você...
Ao te ver, meu desalento foi-se
Perdeu-se como fumaça ao vento
Rumo ao meu desencontro num descaminho certeiro
Eu só sei que que a minha dor padeceu-se
Por falta de motivos para ser...
Ver com você tem o poder de alterar meu ânimo;
Você é o que resiste à minha frieza e abandono
Mas na verdade sou eu que não fico em paz sem você,
Conta na pauta da vida, que eu preciso te amar
E que minha felicidade está diretamente condicionada a ti.
Junto a minha vida, havia um muro
Do lado de lá, você... cheia de vontade de ser minha
A felicidade morava tão vizinha
Eu tão pobre de amor, não percebia
Mas agora entrego os pontos...
Obstáculo rompido e você totalmente minha.
Para que eu possa viver em paz
Para que eu não sofra mais
Para que eu não fique completamente perdido
Sem você...
(Carlos Kley)
POESIA AGO/2013
Para a vida, uma dose de simpatia
Para todo ateu, um pouco de Deus
Para excesso de alegria a dor equilibrando tudo
Para falta de esperança o sorriso de criança...
Para todo louco, o seu próprio mundo
Para o nada um pouco de tudo
E para todas as coisas
Paciência, paciência...
Para o amor, a poesia
Para a lágrima a certeza de melhores dias
Para o futuro, a dúvida
Para o tempo, o desejo de ser eterno...
Para a arte, toda forma de expressão
Para a liberdade um pouco de exceção
Para confortar a alma, morte
Para a velhice, sorte...
Para o deserto, miragem
Para a escassez, bonança,
Para o rei, xeque-mate
Para a paz, guerra.
Para a música, qualidade
Para ponto de vista, bom senso
Para o povo, consenso
Para política, bem comum...
Para a religião, salvação
Para nordestino, sertão
Para os que têm fome, pão
Para corrupção, contraposição.
Para a sede de justiça, decepção
Para o justo, contemplação
Para o belo, exposição
Para o incerto, imaginação...
Para nós dois, o instante
Para quem tem pressa, o freio
Para o momento, entrega total
Para nossos corpos, arreios.
Para desejos, calafrios
Para vontades, delírios
Para beijos, fogo
Para o toque, arrepios...
E para mim, só um pouco de sossego.
(Carlos Klei)
POESIA
Isa musa inspiradora minha
Deslumbrantemente bela
Carrega em sua face a beleza da vida
E conjuga na alma o verbo amar...
Por mais que tente
Não consegue se esconder
A sua formosura é tanta
Que denuncia, revela...
Ah! Se esta poesia contar-lhe
O que não lhe ouso dizer
Saberás da minha inclinação por ti
Da força que me faz viver...
E se um dia hei de ser pó, passado e nada
Que seja a minha vida uma canção
Que seja você a minha nota maior
Estrofe, emoção e rima...
Quando me perco, olho profundamente em ti
Não demora muito, me acho
Sorridente, alegre, das horas que passei
À sombra de seus gestos, acalento e passos...
Nem as mais profundas palavras
Do véu de Minh’ alma, poderás fazer compreender-te
Da necessidade que aflora em mim
De beber em sua boca o calor dos sorrisos...
Estar em sua companhia
É um sossego, uma unção
Um transbordamento de sensações
Inevitável o afeto que por ti tenho...
Antes de ti
O meu mundo era sem forma e vazio
Apenas sopro de vida
Tudo meu era alheio
Caído, abandonado e decaído
Pontes sem ligação
Céu cor de solidão e carvão
Nada quantificava nem tinha identificação
Vacilei por escolhas incertas
Tudo era inevitavelmente decadente
Sempre a mesma mágoa e tédio
Angústias profunda sem remédio
Parte involuntária de mim
Decadência, demência, ausência (sua)
Um intervalo infinito entre eu e mim mesmo
Uma caminhada invertida, de trás pra frente
Um desesperado fim...
Até que você apareceu
Com sua beleza e delicadeza
Agitando a minha alma
Dando sentido a minha vida
Linda, isa e bela
Isabela...
(Carlos Kley)
XEQUE-MATE
Atrevida você
Invade a minha vida
Mexe o meu eu mais sensível
Usa-me, abusa e me deixa
Simples assim...
Diz que me ama
E não aceita o meu jeito de ser
Impõe mudanças
Fazendo-me despir de mim
Sem que sem pra que...
Conquista o meu ser indefeso
Deixa o meu ego reverso
O meu eu confuso
Os meus sentidos inversos
E depois vai...
Se entrega a outro
Sem culpas e ressentimentos
Depois volta dizendo
Que sou o homem de sua vida
Tudo isso, brincadeira escrota (acho)...
Lança-me ao esquecimento
Eu palhaço sem circo
De tão triste vou morrendo
E de repente e descaradamente você retorna
Renovando o ciclo...
Sou eu sim o culpado
Eu permito, eu aceito
Amo esse teu jogo sujo
Eu vítima, eu perdido
Assim prossigo...
Penso em ti deixar
Percebo o quanto estou envolvido
Internamente luto e reluto
Perco a batalha entre eu e mim mesmo
Perco a noção do perigo...
Você perversa, percebe
Que sou fraco
E sem você não vivo
Faz-me seu escravo, brinca comigo
Eu, inofensivo bandido...
Todos os dias fugo
E perco completamente o rumo
Esqueço o motivo e volto
Esqueço de mim
De tudo que gosto...
Você intenso frenesi
Eu vivendo sem mim
Você subtraindo minha vida
Eu entidade vencida
Você completamente solta
Eu ausência de força
Você pronta para o abate
Eu xeque-mate.
NÓS TRÊS
O meu coração irracional quer você agora
Mesmo compreendendo seus limites
O fator condicional é o que menos importa
Pronto estou a acolher-te em meus braços
Aqui e a qualquer hora...
Amo, logo existo
Vivo o amor, logo sobrevivo
Penso em você e alimento o meu ser
Acredito na possibilidade de nós dois
Aí, tudo fica pra depois...
Quero você e quero agora
Sem culpas, medos, segredos
Desejo intenso que aflora
Certo ou errado
Pouco importa...
Seu sorriso tímido, temido
Só me aproxima mais ainda de você
A sua fuga sem sucesso
Sua resistência fracassada
Apenas te conduz à mim...
Os seus segredos, os seus limites
De verdade não existem
Solte seus cabelos, seja livre...
E quem sabe um dia
Nos encontraremos por aí...
Curta é a vida
Longa é a espera
Talvez encontremos tempo
Talvez morramos antes
Portanto, o que tiver de ser, que seja agora...
Guardei o seu sorriso alegre
Para lembrar de você
A sua imagem agora está impregnada em mim
E os pensamentos que carrego
É você protagonista em sua totalidade...
Depois de você
Tudo se transformou
Não vou deixar você cair
Segura forte a minha mão
Posso te fazer feliz – eu sei...
Quando eu te ligar oferecendo aquela canção
Não diga que o número é errado e que me enganei
Tudo isso é só para deixar você desnorteada
E fazer você lembrar de nós dois
Fazer soar no seu ouvido, a nota maior do nosso amor...
Pode falar, bradar, correr
Dizer que é loucura, besteira
Mas eu não ligo. Vou me entregar e viver
O tempo dirá e eu vou pagar pra ver
Qual realmente é o meu lugar em você...
O mundo todo percebe
Só nós três acobertamos os fatos
Evitamos arriscar palpites
E fingimos estar tudo bem,
— Não está.
Depois de tantos encontros
De tantas madrugadas sem sono
Depois de tantos olhares correspondidos
Nada adianta disfarçar nós dois
Não consigo viver sem você e nem você sem mim.
(Carlos Klei)
EXTREMOS
Pega o meu coração e sente
Envolve-me secretamente
Empolga-me com seus vôos eloqüentes
Leva-me, usa-me e me deixa.
Você quer que eu me entregue completamente
Não posso, e você não entende
Fica com sua insensatez
E deixa-me com minha santidade.
Retas; só nos acertamos num ponto
No desejo ardente de nos amar...
A sua loucura
Mexe meu eu mais sensível.
Átomo; sou apenas mais um que se excita.
Verdades; mesmo na sua ausência, te sinto estar.
Busca; você com sua euforia me encontra
Não vives sem mim
Na verdade não vivo sem ti...
Contagia-me com sua indecência
Rompe minha timidez e depois vai.
Deixa-me confuso
Temo que converta minha religiosidade
Organizo sua vinda
Planejo maneiras de você entrar em minha vida
Más o seu jeito sem limites
Desequilibra-me.
Quando você não está
Fico triste
Na verdade já me acostumei
Tenho medo de voltar para mim
E não lhe encontrar...
Lua e Sol;
Essa é a distância que nos aproxima
Dois extremos
Duas vidas distintas
Duas formas de amar...
Você, com sua loucura total
Eu, com minha disciplina ditada
Organizada, quebrada.
(Carlos Klei)
TRISTEZA
Sinto um aperto em meu peito
Das coisas que ainda hão de vir e que eu ainda não sei
Sinto uma necessidade de desmaterializar-me
Uma angústia incompreendida me seca
Os sentimentos que me cercam esmaecem antes que os decifrem...
Solidão, decepções, dor
Uma mescla de significância que não se define
Enquanto isso a minha paz é conturbada
A minha alegria assaltada...
Chega!
Não quero mais conter as lágrimas implícitas em mim
Não quero fazer rir se tristonho estou
Estou demasiadamente triste
Pura melancolia...
Amor, amores, dores.
Vida seca, indefesa, bandida
Amigos, parentes, indolentes.
Tenho fadiga...
Eu sou desconhecedor de mim mesmo
Mas compreendo que felicidade é relativa
A tristeza efetiva, inerente em meu ser
Sim, sou eu sim este ser amargurado
Contradizendo aparências...
Errei sim, manchei minha alma
Gostei, amei, me traí
Deixei a fraqueza amadurecer
Agora aqui estou, condenado ao sofrimento...
A vida é um lance
Eu um instante
Um momento equidistante
Entre a alegria e a dor...
Mas acredito que um dia quiçá
Outro instante exista
E essa desgraça que me assola
Com seu equilíbrio maldito-desigual
Vá com os ventos, para sempre embora.
Por enquanto: desilusão, tristeza e dor.
(Carlos Klei - 2013)
POEMA SEM TÍTULO
Surtem cores e com elas dores
Surtem efeitos colaterais
Surto eu e meus desamores.
Cólera, ira, reflexos e reflexões
Preto no branco refletor
Escuta aqui... “Preto/Branco não são cores”.
Reluzente, incandescente ou pigmento multicor
Quem realmente sou?
Por que os porquês não me bastam? Por quê?
Português perverso talvez ou eu implicante ser?
Eu não sei as respostas, nem tão pouco sei as dúvidas.
Vão se as dores e como cicatriz o desalento
Um rumo incerto ao infinito
E qual a maior parte do infinito?
Retas paralelas e eu ali transversal
Um ponto mais à direita do zero profano
Maior que zero quase um (uma vasta imensidão).
E quando a minha porção de matéria duela a antimatéria
Sou eu guerreando de igual para igual na batalha
Porém, quando minha alma enfrenta o meu ser
Já não sei de mim.
Se este poema fosse tese, não provaria nada do meu ser
Mas se a hipótese teimasse contrário
Teria um verdadeiro e um falso
Ou seja, seria eu verdadeiramente falso.
Tanta loucura, tanta indagação,
Para nada formular, para nada dizer
Tantas miudezas sem sentidos
Enquanto o real sentido da coisa seja eu
Em colapso total... louco.
Eu escrevo para poder ser
E sou porque existe a necessidade manifestada
E se não fosse eu esse ser tão complicado
Queria ser exatamente assim.
Sem tirar nem por, reinvenção de mim.
Aceitei o desafio da vida.
Quase que por imposição
Quando venci a corrida de milhões contra milhões
Não tinha exatamente certeza do que estava por vir
Um labirinto sem muitas escolhas
O meu lacre rompi.
Dei minha cara ao abate, fiquei perito
Nessa de chorar e rir.
Meu coração pulsa inverso
Aos versos reversos que carrego
Corre em proporção descontínua
Numa escala profunda de profusões
Relutando em compreender que sua missão é bater
Insiste em gostar, amar e sofrer
Eu sei que não é para sempre
Mas antes que ele desista
De tantas desilusões sofridas
Vivo eu com meus limites
Enganando suas batidas
Fingindo feliz ser.
(Carlos Klei - 2013)
