COISAS QUE ESCREVI EM 2012
COMÉDIA DO FIM DO MUNDO
2012! Chegou o tão prenunciado fim
E o mundo acabou... (Bum!)
Ops! Não é a criação é o fim
É fogo torrando o juízo (Esse som não sei fazer.)
É o juízo final julgando o juízo que perdi.
Antes que ele acabasse, porém,
Muitas coisas eu fiz no intuito de transformar a minha vida
Mudei de comportamento, estudei todos os sacramentos...
Fui acrobata sem talento, fui palhaço sem alegria.
Mas no âmago do meu ser, havia algo que eu não consegui entender
Por mais que eu quisesse, por mais que eu lutasse
A minha alma relutava, resistia a todo esforço que eu fazia.
Mas, eu tinha que seguir prá frente e sempre
Eu necessitava subir, e para tanto
Precisava ter garantido no paraíso o meu lugar,
Algumas igrejas até que tiveram compaixão
Terrenos periféricos e sem medidas foram postos a leilão
Por uma bagatela podia se adquirir (sem muitas regalias é claro)
Mas, ainda assim, o dinheiro me era escasso e eu não podia pagar.
O que me restou a fazer foi acreditar que poderia mesmo mudar
Missão quase impossível, mas resolvi tentar... (ilusão!)
Em meio a crenças e descrenças
Ilusões e mitos, convenhamos
O inferno é insuportável, quente e fedido
Querer o céu é mais sensato,
Ele é mais aconchegante e bonito...
Nessa busca incessante muitas coisas fiz
Perdoei pessoas que me arrependi depois
Pedi perdão com angustia no peito, mas pedi
Confessei coisas que nem sacerdote suportou ouvi
Frequentei diversas religiões (contra minha vontade lógico)
Fui católico, ortodoxo, protestante (...)
Aquela outra lá cujo nome (de fantasia) não lembro;
A oferta era tanta que não houve tempo de escolher.
Em santos de todo tipo eu apostei, eu cri...
Velas acendi, promessas confesso, nem todas cumpri...
Torne-me mais romântico e em vaidades cuspi.
Pe. Marcelo, Xuxa (...) a todas essas drogas sobrevivi
Pablo do Arrocha, Restart ... – Para –;
[falo de drogas, com merdas eu não mexi.]
Porém todo meu esforço foi em vão
O mundo acabou e eu não subi nem desci.
Esqueceram de me avisar e eu esqueci de ir.
Quer mesmo saber: acho tudo isso um saco
Igrejas vendendo perdão e oferecendo salvação em contrato
Ofertas recolhidas em envelopes marcados, aos montes, aos sacos...
Santos do pau oco que nada resolvem, desmontam e partem se chutados.
Gente arrependida sem saber de que nem p`rá que
Compaixão egoísta e interesseira, conversão pela dor não por amor
O homem querendo paz sem nada fazer para ter.
Sim, é isso tudo um grande saco e que se alimentem os puxa-sacos.
Meu coração sacana a Deus não engana
O mundo acabou e por aqui fiquei
Mas, o que me conforta é a certeza de não estar só
Cumprimentos a Maria, ao José, ao Osvaldo e ao Jó...
Ao meu primo Tiago – Ateu –;
Aos padres pedófilos e “viados”, aos políticos safados
Saudações a a você que é pastor e não crer...
Só não vi por aqui a prostituta do bordel costumeiro
Nem “Topó” o meu amigo bandoleiro!
2013 chega e aqui estou, sobrevivente
Desalegre e alegre, com a alternância de sempre
Com a mesma cachaça que há tempos me animou.
Vamos beber, nos jogar, nos embriagar de amor
Nos entorpecer de vinho e gozar sem pudor...
Se o fim nos renega o azar já chegou
Viva! 2013, Sexta-feira 13, gato preto, gato branco...
Nada mais importa, o fim já passou.
Agora que o fim foi embora e por aqui eu fiquei
Convido a você que por privilégio ou azar também ficou
Vamos viver intensamente sem se preocupar com o amanhã
Sem julgar a vida alheia e longe dessa gente
Chata sem nenhuma graça que com o fim se foi.
Em meio a todos os esquecidos
Vivamos sem querer saber se é noite ou amanhecer
Antes que apareça um novo começo de um novo fim.
(Carlos Kley - 2012)
EU
Sou eu esse ser de sensações inevitáveis
Rodeado de sentimentos indesejáveis
Feito de sonhos e desilusões
Sou eu sim, totalmente indecifrável.
Sou um homem completamente inacabado
Um intermédio entre a tristeza e a alegria
Canto, choro, vacilo... Eu me divirto
Sou erro e acerto, uma delirante fantasia.
Ando em busca da verdade ou da inverdade
Inconscientemente prossigo inalterado
Modelado de mistérios e impressões
Sou eu sim esse ser dilacerado.
Para ser exato, minha pessoa existe
A minha vida é que parece imaginária
Poesia sistêmica descompassada
Disritmia profunda me devasta.
Sou feito de emoções e orgasmos
Amo intensamente ainda que incerto seja o amor
Faço da vida alheia a minha vida em essência
Me entrego completamente, sou traído, sou traidor.
A minha voz ecoa no vácuo baixinho
As minhas palavras mudas pouco exprimem
Às vezes me comparam com o indizível
Eu fora de órbita, fora de ordem, fora de mim.
Sou eu esse ser pouco definido
De palavras ditas e não ditas
De respostas obscuras e mal ditas
Vida exposta e definições implícitas.
Eu vezes eu, eu réplica variante dentro de mim
Dupla face, duplo sentido
Alma em eterna luta com o espírito
Eu alegre - eu triste.
Às vezes homem noutras menino
Ah! Sei tão pouco de mim...
Não sei quando estou morto ou quando estou vivo
Lamento profundamente o fato de ser eu exatamente assim (indefinido).
Sou eu nessa incessante busca do meu ser
Ora descoberto, ora um segredo
Que cada um se redescubra e se encontre
Deixem que eu viva com o meu eu, medos e limites.
(Carlos Kley - 2012)
SEPARAÇÃO
O meu bem se foi
Perdeu-se na profusão de tanto amor
Acho que ela não estava pronta
Para absorver todo sentimento dilatado em mim
Não sei ao certo.
Saiu do meu caminho repentinamente
Partiu o meu coração ao meio
Estilhaçou a minha vida e não me avisou.
Não houve tempo talvez.
Não tive oportunidade de me despedir
Eu só queria te dizer que as minhas falhas
Foram na tentativa de fazer algo
Que te deixasse feliz.
A mulher que amei e ainda amo
Está contemplada nas estrelas
No desabrochar da flor
Esquecê-la? Impossível.
Onde está você agora?
Em que cidade? Em que país?
Que paisagem embeleza?
Cuidado, não se perca em labirintos de outra História.
Acontece que a mulher que alegrou meu caminho
Deixou em mim um imenso vazio
Um céu sem estrelas, uma lua sem canção.
Uma caminhada sem brio.
Levou meu sorriso
Arrancou do meu peito a alegria
Meu fôlego agora é ânsia
Sem você eu não vivo.
Deixa pelo menos eu me desculpar
Dos erros que não sei, das coisas que não fiz
Deixa o meu olhar encontrar o seu outra vez
E entender o que aconteceu.
Diga que ainda me adora
Que não está feliz com a nossa separação
Diga que você sorrir e chora
Em lembrar a nossa História.
Em cada esquina a sua presença
Em cada canto o seu cheiro presente
Volto ao jardim com a certeza de te encontrar
Lembranças de nós dois, nada mais.
Acha mesmo que vive sem mim?
Eu estou cravado em você
E você impregnada em mim
E mesmo na distância nos amamos.
Olha aqui, fique você sabendo:
Ninguém vai te amar como eu te amei
Estarei sempre a te servir
Disposto a cuidar de você.
E quando desilusão sofrer
A saudade impetuosamente apertar
Estarei sempre pronto:
De braços clandestinos te resgatarei
Alçarei voos emergenciais em teu favor.
Esse querer bem, essa vontade de te proteger
É mais forte que eu, e, se por acaso não entenderem
Deixe que falem mas, sobretudo que saibam
Que eu estarei aqui, sempre pronto a te amar.
(Carlos Kley - 2012)
ATO CONSUMADO
Um fogo me queima o corpo,
Desejo louco me atiça,
É calor, fervor, fervura;
É Prazer, tenor, ternura...
É você menina, mulher, madura.
Vem meiga, inocente e pura
Tensa, tesão, tesura (...)
Pura mistura de delitos e malícias;
Carente, quente, torrente (...)
Mulher virtuosa, dengosa, manhosa.
Eu, um Golias, abatido, vencido
Você uma deusa e não tão santa
Mulher disfarçada em alma de criança
Perigosa menina,
Me domina, me enfeitiça.
Seu corpo totalmente em chamas
Tesão, paixão, candura
O meu em brasa viva
Provoca, suplica...
Êxtase, extasiante
Aparente Inocência magia (aparente).
Já não sei de mim, nem de nós dois
O que me controla, o que me guia...
Eu robô, paralisado, tarado.
Frenesi total...
Você uma louca desvairada
Uma cachorra no cio...
Entrega total.
Barreiras vencidas, vestimentas perdidas
Movimentos que vão e vem ausentes de vergonhas
Ousadias permitidas, vontades despidas
Pudor que não se tem (nem convêm ter).
Sacanagens que apimentam e nos reinventam,
Meu olhar escroto te ama, te devora e te come
Suas mão ligeiramente católica, me acaricia, me excita.
Um momento... Um silêncio... Um alento...
Eis a inspiração, a tela, a pintura. Eis a arte da vida...
Meu corpo no seu, (nu)
Dança sem limites,
- (agora que timidez se desfez)
Uma sincronia sobrenatural
Ritmo alucinante e quente
Me enlouquece, me atrita.
Um suspiro, um gemido...
Um prazer delirante (GOZO).
Um coito mútuo, contínuo
Um delírio rasgado, um alívio
Um grito alado, safado
Um prazer, um ter, um dar...
Eu, satisfeito, refeito
Você realizada, amada...
Eu totalmente homem
Você completamente mulher
Ato consumado.
(Carlos Klei – 2012. Sem muita inspiração, mas, com muito tesão.)
ESPERANÇA
Hoje amanheci com sua imagem em minha mente
Nunca a vi, sequer sei seu nome e muito menos sei se existes,
Contudo me alegro e agradeço por nunca ter abandonado os meus sonhos
A sua presença tão distante, tão ausente ainda assim me acalanta...
Como de costume, ao acordar vou a seu encontro
Sempre no lugar combinando e que nunca passara
Ansioso eu espero com a mesma energia que te quero
Na esperança de um dia quem sabe, você aparecer...
Se você virá ou não, isso não importa agora
Vou esperá-la mesmo assim, seja onde for
Sendo você alucinação/personagem
Salvo engano, sempre será o meu grande amor.
Espalharei mensagens com imagens visionárias
Que fiz de ti durante todos esses anos
Todos saberão da minha busca incessante
Loucura? Desespero? Delírio?
Amor transcendente talvez...
Fiz dessa busca minha rotina diária
Um sentido para a minha sedenta alma
Acordo, levanto, corro, paro
Sempre no mesmo local
Andarilhos, andorinhas, esperanças vão e vem
E você, nem sinal...
Talvez seja eu um delirante ser
Em meio a tantos devaneios imaginei você
E agora, por esta insana criação eu vivo;
Desesperadamente espero tua vinda
Não sei de onde, nem como, nem o porquê.
Não vejo o sol, não vejo a lua
Não vejo a minha vida nem a sua
Sobrevivo (ai que dor)
Não vejo os olhos do meu amor...
A tarde se aproxima e eu ali de plantão
Como um soldado imbatível, parado, paralisado
Com a certeza de quase nada e crendo em tudo
Por um momento uma aproximação, uma luz, um sinal...
Ludibriante miragem...
Volto para casa abatido,
Desencantado e completamente perdido
Desilusão e amargura em meu coração.
Olha aqui: se eu morrer de saudades,
A culpada é você.
Já é noite fim de mais um dia,
A minha vida continua sem graça e vazia;
Estou cansado e submerso no obscuro
Obcecado nessa incerta procura
Mas com a esperança me dizendo
Amanhã é um novo dia
Ela irá aparecer com certeza..
(Carlos Kley – 2005)
TE AMO
Amo o seu jeito de gostar de mim
Jeito de quem não quer nada ao mesmo tempo desejando tudo
Gosto do seu olhar de menina quando me domina
Adoro seu corpo fervoroso me aquecendo em noites frias
As suas mãos me tocando, me acariciando, me envolvendo (...)
Adoro o momento em que ambos ofegamos
Em seguida deliramos em êxtase profundo.
Amo mais ainda em ver que o nosso prazer não se limita ao gozo,
Depois do ato consumado ainda nos cabem carinhos, abraços e cuidados.
Uma canção no rádio e um sono profundo e sagrado.
Meu amor, eu gosto de estar com você até mesmo quando brigamos,
E quando está abatida com um sorriso sem graça, tristonha pelos cantos
Mesmo assim, eu te amo mais ainda, pois, é nesse exato momento
Que tenho a oportunidade de cuidar, proteger, fazer parte e ser parte...
Para te ver feliz ao meu lado, juro: enfrento desertos e os mais profundos mares
Pois sei que sua companhia é para mim, refúgio/acalanto.
E quando digo que te amo
Não profiro apenas. Profetizo...
Assino um contrato, assumo um pacto
De te querer bem.
Afinal, o que é o amor além de tudo aquilo que não se define?
Para mim, depois que passei a conviver contigo
É esse sentimento que me toma e me envolve
Me fazendo poeta trovador.
É essa coisa que me põe em órbita ao seu redor,
É o que acontece com a gente quando nos beijamos
Um frenesi, um canto, um encanto – poesia.
Meu amor, eu também adoro:
O meu jeito de gostar de você
Do meu olhar hipnotizado ao seu
Do meu corpo nu acobertado por ti
Das minhas mãos navegando em seu volumoso corpo.
De acariciar teus seios e provocar anseios.
Gosto de saber que gosta de mim mais que bom amigo
De ao brigarmos, ver-te louca para estar logo de bem comigo
Amo namorar gostoso e atrevido
Amo o seu dengo manhoso
Amo o seu gemido de prazer e gozo
Ou do simples fato de estar comigo.
Quando goza, realiza em mim pintura íntima
Uma satisfação garantida
Amo mais o seu prazer que meu coito atrevido.
Agora fica a sensação de que sei exatamente definir amor
Mas nem tudo que falei eu compreendo
Não sou eu dono da verdade
Talvez apenas um ser apaixonado
Mas confesso, não quero olhar pra trás, estou muito feliz.
Mas me diga: o que é mesmo amor? Além do querer bem que por ti sinto?
Te amo meu amor...
E é pelo simples fato de te amar que atravesso a sua história
Que penetro, mesmo que timidamente, a sua vida.
(Carlos Klei - 2012)
MELANCOLIA
A melancolia tornou-se para mim inevitável
E em meio a tantos dias de tristezas indefinidas
Tornei-me cúmplice, contíguo...
Já não sei dizer se sou eu ser melancólico
Ou se ela é apenas pura manifestação de mim.
São tantos momentos tristes que já me acostumei
Mas tem uma coisa que não suporto
É ver meu coração insistir em pulsar solitário
Disso eu não me conformo.
Solidão, solidão, solidão (...)
Assim bate o meu coração
Enquanto a vida perpassa
Zombando de mim, me tornando um sujeito
Apático e sem graça.
Parece até que uns foram feito pra rir
Enquanto outros em seu estado natural de profunda solidão
Padecem em pouca fé de um dia não precisar ser
Tao deprimente assim.
Eu só queria compreender
Como o simples fato de não ser só
Tornou-se para mim tão complexo assim...
Talvez seja eu inábil para amar...
Ou o amor inacessível a mim.
Não é o amor o fogo que me arde e não vejo
É a solidão com sua maneira atroz que me devora
É ferida que dói e corrói minha alma
E eu vejo, e eu sinto e eu choro...
Eu, sem muitas alternativas, totalmente insensato
Somente desejo quiçá que esses momentos passem
E que não seja apenas quimeras
Poder um dia, ter um sorriso e um abraço
Ter alguém ao meu lado
Amar e ser amado.
(Carlos Kley - 2012)
MOMENTO
Saber que você gosta de mim é maravilhoso
Então permita eu cuidar de você agora
E desfrutar desse amor enquanto ele existir
Vem viver e curtir esse instante que nos faz tão feliz.
Depois já nem sei de nós dois
E quando eu inevitavelmente partir
E você sem lamúrias seguir o seu caminho
Restará apenas a saudades
Lembranças suaves de nós dois.
Por agora me ame
Devora-me, me queira e me coma
Pois amanhã o meu coração pode estar vazio
Completamente perdido na solidão.
Aproveita enquanto há brio
Vem sem razão, sem noção e loucamente me ama.
Rasga-me exatamente agora
Rompe meu velcro com seu desejo incontrolável
De querer prazer.
Vem neste momento e me ama.
(Carlos Klei - 2012)
