COISAS QUE ESCREVI EM 2011
REVELAÇÃO
Não quero ser nada além do que sou
Alotropia entre eu e mim mesmo
Para a ciência: complexo de átomos.
Apenas átomos, nada mais.
Para religião: Um suspiro infinitamente divino.
É necessário crê.
E nessa alternância de suposições
Vou buscando descobrir quem realmente sou
Enquanto isso: o meu ser apresenta-se poético, romântico, confuso.
Nenhuma certeza entre eu e coisa alguma.
Não sei exatamente se sou eu ou um isótopo de mim.
– Louco talvez.
É necessário que descubra quem realmente sou
Pois, esta incerteza, tira-me as palavras.
E cada abraço teu para mim revela-me
O que tens a me oferecer, a sua origem, o seu amor.
Eu, excitado átomo sem órbita
Revelo-me apenas de forma aparente,
Como efeito colateral
Do meu desconhecimento profundo.
Mesmo assim, permanece ao meu lado.
Intensamente presente...
Fica comigo mesmo sabendo que meus pensamentos se conflitam
Buscando a verdade ou a inverdade
Acaricia o meu sono mais profundo
Enquanto isso, o sorriso dos seus lábios,
Permeiam e compenetram os meus sonhos
Enchendo-me de rimas e saudades
De onde surgiu? De onde veio?
Já não me importo mais!
Fica! Permanece! Intensamente...
Pois chegaste realizando em mim
Pintura íntima...
Trazendo em minha vida um sentimento nobre e ardente,
Preenchendo-me completamente.
Agora já não faz sentido saber quem realmente sou,
Átomos, crença ou eu mesmo... O que importa?
Todo desejo de descoberta se esvai
Esbarro-me em mim e eu (completamente apaixonado)
Atônito, sem nenhum esforço de querer ser...
Redescubro-me, revelo-me, entrego-me
Pois já não tenho palavras
Não tenho mais rimas
Conheço apenas o manifesto de seus olhos
E neste exato momento,
Trago comigo a certeza de ser
Qualquer coisa de intermédio
Entre a paixão e o amor.
(Carlos Klei - 2011)
DESPEDIDA
Se desejar ir, vá...
Levará contigo saudades
Lembranças suaves
Você e eu.
O meu corpo anseia o seu
E o seu? Ah! É claro, não me esqueceu...
Nascemos um para o outro, todos sabem
Sozinho, me perco
Não sei quem sou
Só sei de nós dois
O resto? É apenas o mundo
Que nos inveja
Diariamente...
Se você quer ir, vá...
Eu? Fugirei para o deserto
Regarei com lágrimas
Terras secas
Desejando quiçá, miragem sua.
E quando a lua pairar sobre a noite
Dunas de pensamentos
Numa sinfonia sobrenatural
Lembrarão você.
(Carlos Klei - 2010)
CONFLITOS
Antagônico ser inexplicável
Oposto a mim e eu mesmo
Pleorâmico ser de mensagem oculta
Implícita imagem de mim que não sei
– Rio a baixo escorre, revelando-se confuso –
Buscando quiçá respostas que sequer existam.
Guiado pelas águas torrentes
Minha mórbida e seca alma vai
Completamente sensível ao êxtase dos débeis
– Melancolia, pura melancolia. –
Acreditando ela na manifestação deste momento
Intensifica exageradamente sua crença
Ao mesmo tempo em que o meu lado ímpio
Revela-se impiedosamente.
Como se fosse este, o momento revelador
Atiro-me inconseqüente ao desconhecido
Sigo indecifrável...
Enquanto o revolto das águas
Consome a seco, esta pobre e masoquista alma.
Sem ter muitas explicações
Sintetizo-me sem esforço
Enquanto sou modelado e descoberto
Aos olhos de todos, exceto por mim.
O que me resta às vezes
É uma seca esperança
Uma verdade contestável
De uma pouca e pálida fé
Acalanto de tolos, niilismo total
Eu sei.
Um silêncio (...)
Neste momento, entro em colapso
Revelo-me fraco e incapaz
Subitamente ressurjo
Do mais profundo desalento
Resgatando o meu corpo e minha alma
Que outrora estava presa em devaneios tolos.
Como objeto vindo do arcaz
Porém, nem ateu e nem místico
Determinadamente dúbio
Ressurjo das águas que até então me renegara
Por descobrir
Não ser eu tão frágil
Tão insensato.
Trazendo comigo uma certeza que me sustenta
De ser apenas eu exatamente assim
Moderadamente louco.
(Carlos Klei - 2011)
